Pedra da Gávea, recuperando sua história.
A intenção deste texto e arejar um pouco o clima em volta do enigma da Pedra da Gávea,
especulando sobre alguns aspectos discretamente e procurando indicar outros caminhos. Sem, no entanto
levar as pessoas a visões delirantes sobre o
assunto.
O problema sobre a incógnita da Pedra da Gávea está
mal explicado faz muito tempo. Em parte por
falta de pesquisa bibliográfica e de campo. Faço estas análises e observações
porque tenho certeza de que recuperando
e desmistificando a história
irresponsável que se conta desta montanha será mais fácil ajudar na sua
preservação como patrimônio paisagístico, monumental e histórico. E o que aconteceu
até agora foi apenas sua desmoralização e uso comercial. As próprias tentativas de
preservação ate agora não trouxeram muitos resultados. Queiram ou não esta montanha é um dos maiores monumentos do Rio de Janeiro. E não
tem tido a atenção que seria merecida,
foi usada de maneira desconsiderada para fazer sensacionalismo. O que lançou
sobre o assunto um clima de falta de seriedade.
Para confundir mais as coisas há
vários elementos que se analisados separadamente podem ser falsos ou verdadeiros. Mas quando associados formam um quadro que
suscita muitas versões. É preciso analisar individualmente cada um para chegar
a alguma hipótese que possa indicar caminhos de pesquisa, e eventualmente
relacioná-los entre si.
Temos uma aparente inscrição, um
possível portal monumental e com certeza
uma face esculpida numa gigantesca
cabeça de pedra. Temos também alguns outros detalhes que não vou abordar
aqui para não ampliar demais o assunto principal. É preciso separa as coisas
porque se um elemento não é verdadeiro
não implica em que os outros sejam também falsos.
Ao longo dos anos foi feita uma salada com o assunto , na qual já não se distingue o que é fato real, o
que tem algum valor para pesquisa, e o que foi inventado por pura irresponsabilidade, sensacionalismo ou
interesse.
Quem acha que todos os elementos são
apenas fruto da erosão, não precisa pensar mais, porque sempre vai prevalecer
essa idéia, principalmente em quem não conhece o local. Com certeza não há o que
discutir com quem pensa assim. Mesmo
conhecendo-o já é difícil de entender. A maioria das pessoas não se interessa
por pesquisas, preferem versões sensacionalistas sem base. Conseqüentemente,
pesquisar a Pedra da Gávea é um assunto irrelevante.
Durante muitos anos estive mastigando
a versão dos fenícios na Pedra da Gávea, sem poder engolir, porque quando
cheguei a conhecer um pouco a cultura púnica percebi que não era a versão
apropriada. Posso assegurar que a maioria dos sites na internet está difundindo
histórias fantasiosas e sem fundamento como sendo um verdadeiro folclore do Rio
de Janeiro. O pior é que um site repete o que o outro disse, inclusive com erros de
datas e informações. Pior ainda, são os relatos fantasiosos e exagerados de aviões e pessoas
desaparecidos no local. E temos ainda os que descaradamente apontam o local
como base de discos voadores, sem nenhum compromisso com a lógica, e
outras hipóteses sem fundamento algum. Ou
então atribuem tudo a uma “Solução Atlântida“, que em conjunto com os extraterrestres explica tudo o inexplicável, explorando a
fantasia e o sensacionalismo e deformando mais o imaginário carioca. Sepultando
cada vez mais uma apreciação sóbria do que possa ter acontecido nesse local.
Eis
como se apresenta a chamada inscrição no paredão leste, constituída
basicamente de buracos predominantemente verticais. Note-se que embaixo há uma
segunda linha de buracos. Essa ninguém
quis traduzir ? E se quiserem tem uma meia linha mais, em terceira posição. Perceba-se
que mais embaixo seguem caneluras verticais, isto quer dizer que todas estas
marcas fazem parte do mesmo processo
erosivo. Estes buracos são de diversas profundidades e com muitas bordas
onduladas, portanto, difícil de definir onde começa ou acaba a ”letra”.
Observe-se também que a inscrição vai
subindo para a direita.
Não teria nenhuma lógica fazer uma inscrição
torta, porque para fazer qualquer trabalho de desgaste da rocha ali, teria que
ser feito um andaime, ou pênsil, ou escorado no chão. Naquela altura do paredão,
teria que ser pênsil, mas um andaime pênsil inclinado é coisa de doido, não
teria sentido, seria irracional. Mas
para quem ainda tiver dúvidas, vá ate lá. Do lado esquerdo, descendo para a
gruta da Orelha, poderá ver alguns detalhes desses buracos. E não
tenha medo de não ser um erudito em línguas mortas, use apenas seu bom senso.
Se
alguém pretende achar vestígios fenícios
no Brasil, primeiro tem que parar de aceitar histórias da carrocinha como
verdades. A história das ânforas achadas na Baía de Guanabara foi uma delas,
que continua a ser divulgada. Havia ânforas sim, mas eram modernas. Se havia
ânforas quase certamente haveria um navio, e onde está o navio? Ou vieram
voando? Porque essa “pesquisa” não continuou?
Aqui acima está a copia da inscrição segundo a
visão de binóculo feita pela comissão em 1833 , sim porque só é possível ”ler” de binóculo. Os fenícios
não tinham binóculos, portanto nunca fariam uma inscrição, ilegível a
distancia, e só perceptível desde em baixo, apesar das marcas terem mais
ou menos 3m de altura.
Esta copia da “inscrição” com certeza foi feita desde a antiga fazenda São José da
Alagoinha da Gávea, a atual Villa Riso. A fazenda já se relacionava com o governo e
instituições oficiais desde longa data e posteriormente passou a propriedade do conselheiro Ferreira Vianna. Esta foi a cópia que Bernardo de Azevedo da Silva Ramos usou para fazer sua tradução,
sem no entanto nunca ter chegado perto
do paredão das inscrições. Sua “tradução” foi feita em 1928, ou seja 95 anos depois baseando-se numa
interpretação feita sem precisão alguma
,como se pode ver claramente comparando a foto com a cópia. Coincidentemente
quatro anos antes o professor Henrique
José de Souza fundou a Daharana, a primeira loja Teosófica, em 1924. Quatro
anos depois, Bernardo de Azevedo da Silva Ramos, então com 70 anos, fez a
tradução.
Parece, e tenho quase certeza, que os dois fatos tem alguma relação. Inclusive
o professor chegou a modificar a tradução dizendo que Jetball era o filho de
Badezir e tinha uma Irma gêmea chamada Jetbal-bel. É claro que na falta de base
para criar estas lendas usaram o que tinha a mão, a Bíblia, e como sabiam que
existiu uma irmã de Badezir chamada Jesabel, casada com o rei Achab de Israel,
completaram o nome.
Como pode o professor Henrique Jose
de Souza pretender melhorar e corrigir a
fantasiosa tradução de Bernardo de Azevedo da silva Ramos?
Está claro que havia um objetivo a
ser atingido a todo custo. Usaram a montanha em beneficio próprio pela primeira
vez, possivelmente buscando origens lendárias para a sociedade mística em gestação.
Compare as inscrições verídicas fenícias com os
buracos da chamada ” Inscrição“. Para quem acha que algum pedreiro fenício
fez esta
inscrição na Pedra da Gávea,
diria que esse pedreiro e seu supervisor não deviam ser muito versados em lavratura de pedra, nem deviam saber fazer um
andaime reto. Aquilo nunca foi nem poderia ter sido um trabalho de fenícios do
século IX A.C. Quem assim mesmo acha que os fenícios fizeram uma inscrição conhece
muito pouco dos fenícios, e isto é regra quase geral na população,
portanto qualquer história que fosse contada sobre a Pedra da Gávea seria
engolida facilmente pela maioria do
público. E se essa versão viesse apoiada em um pesquisador conhecido e apoiada
e encomendada por uma seita mística e espiritualista como a Sociedade Teosófica
Brasileira, como foi, a aceitação seria
quase total, ao menos na população menos instruída . Foi o que aconteceu. E
agora o Rio de Janeiro tem uma lenda importada para contar um fato que
provavelmente tem raízes puramente sul
americanas.
Anos atrás discordar dessa versão
seria como contestar a Bíblia e ainda mais se por trás do assunto estavam dois
nomes respeitados. Mas todos podem errar. Já é tempo de procurar outras versões para esta
montanha. Na verdade esta versão nunca convenceu nenhum pesquisador
cientifico sério, nem a ciência oficial.
Pior, contribuiu para dar um clima de chacota ao local. O que no mínimo, é uma infâmia. Repetir
essas versões na internet é um mau serviço que se faz.
E aqui há
vários problemas. Predominando
uma falsa versão , ainda que
lendária da história, não digo do Brasil
mas ao menos do Rio de janeiro, seria
uma obrigação dos cariocas saber a verdade sobre o que é de fato a Pedra da
Gávea. Quem fez aquela face? Porque ao que tudo indica, mesmo não havendo inscrição, a face foi feita, com certeza.
E podemos fazer uma afirmação
provocativa. Se aquela face e a ”Íbis” do Pão de Açúcar (Na verdade é uma
silhueta de pássaro, mas daí a dizer que
é uma íbis, é exagero. Ou seria um
condor?) e a face da Gávea foram feitos por mãos humanas, seus escultores
foram os fundadores do sitio do Rio de janeiro, porque o balizaram por algum
motivo. No mínimo porque foram tocados pela sua imponência. E isto não é pouca
coisa.
Fazer aquele trabalho não é nenhuma insignificância.
É uma injustiça histórica atribuir esse trabalho a quem não o fez.
Automaticamente deixando no limbo os verdadeiros autores deste trabalho sofrido
e inspirado quem sabe em que sentimentos profundos, pelos quais pagaram caro e
foram esquecidos, substituídos por histórias
fantasiosas inventadas em 1924. É lamentável que até montanhistas que já
visitaram o local várias vezes, mesmo assim, não conseguem se libertar das
coisas que continuam a ser repetidas : fenícios ou erosão. Por uma questão de honestidade, é
preciso sempre se contestar.
Compare a” inscrição” com textos
fenícios autênticos como estes abaixo.
Fica bem claro que a desordem que se
vê na ”inscrição do paredão“ não corresponde a ordem que vemos nos textos
fenícios. Será que ainda não está suficientemente claro?
À esquerda vemos marcas no paredão que
alguém poderá tomar por inscrições, más não são. A direita vemos uma falsa
cabeça de como teria sido a Pedra da Gávea. Esta cabeça foi apenas uma peça sem base alguma feita para o filme ”O diamante Cor-de-Rosa”, no entanto é divulgada na internet como se fosse um exemplo de arte
fenícia (!) Na realidade não tem nada a ver com a Pedra da Gávea.
Embaixo vemos o exagero com que a teosofia comparou a montanha com um touro alado da Assíria. O símbolo do poder
assírio, justamente o poder que ameaçava todas as cidades fenícias no século IX
A.C. E os fenícios ainda teriam se dado o trabalho de homenagear seus inimigos (!) A montanha não tem
os detalhes que se vem na figura. Poderíamos ver apenas um, arremedo bruto de um animal, com boa
vontade, que inclusive é admissível, visto desde São Conrado. Mas de maneira alguma seria obra humana. Uma
face, um portal, são coisas realizáveis, mas esculpir uma montanha desse tamanho não tem
nenhum exemplo na historia, simplesmente porque estaria fora de propósito. E
muito menos seria realizável por um povo que estava enfrentando tremendas
dificuldades no Oriente Médio.
No paredão oposto ao das “inscrições“
também há marcas na rocha, na mesma altura, e com certeza não são inscrições.
Finalmente poderia dizer que qualquer povo mais desenvolvido e qualquer
escultor razoavelmente inteligente, procuram, antes de lavrar alguma coisa,
aplainar razoavelmente a superfície. Nada disso vemos na Pedra da Gávea. O mistério da Pedra
da Gávea é justamente esse, não há escrita. E isso quer disser muita coisa. Porque há uma face, mas
não há escrita. Quem a fez não tinha escrita, ou não a usava. Por outro lado
até agora não foi achada nenhuma peça ou
trabalho mais sofisticado que esteja à altura do nível de pedreiros fenícios do século IX A.C.
Isso seria facilmente identificável.
Na cópia que serviu para a “tradução” foram anexados
no meio de algumas” letras” traços horizontais que nunca existiram no
paredão. Desta forma, forçando um pouco,
poder-se-ia ”ler“ muita coisa em idioma púnico. Só se vem claramente
buracos horizontais no inicio e do lado esquerdo. Na verdade existe uma linha
de desgaste que tangencia a parte superior de toda a primeira linha de buracos
e onde é mais profunda e dá a idéia de traços horizontais.
Na cópia, primeiro está a inscrição como a comissão a viu, na segunda
linha deram uma ”acertada” para poder ler melhor, na terceira linha está a transcrição
em hebraico, idioma que Bernardo conhecia um pouco. Na quarta linha, a tradução
admitida, que Invertendo se lê: Tiro
Fenícia Badzir filho de
Jethbaal.
Nessa transcrição há coisas que não batem. Os fenícios nunca chamaram seu
território de Fenícia ou ”Foenisian” como foi transcrito. A Fenícia nunca
existiu como pais, eram cidades estado e a região se auto denominava pais de Cannan. A denominação ”fenícios” foi usada pelos
gregos para denominar os habitantes dessas cidades. E os fenícios diziam-se
cananitas.
Badezir não tinha esse nome. Uma das poucas
referencias conhecidas feitas a ele é a de Flavio Josefo em sua” Historia dos Hebreus”, e o chama de Baaldozor. Provável origem do
nome Baltazar. Este nome certamente é constituído de duas palavras Baal ( a
divindade), e tzor ( fortaleza). Flavio Josefo também diz que ele reinou seis
anos e morreu com 45 anos. Este rei também aparece as vezes com o nome de Badezor. Por coincidência a saída de cenário de Baaldozor
coincide com a batalha de Karkar, onde morreu seu cunhado, o rei Achab de
israel, que era casado com Jezabel, irmã de Baaldozor. Mais exatamente, Achab , morre logo após essa batalha, mas na tentativa de retomada da cidade de Ramot Guileat. Este episodio é contado na Bíblia , no Livro de Reis. Há discordância de datas por vários autores mas vamos admitir a data de 853 A.C. como fim dos reinados de Achab e Baaldozor. Flavio Josefo obteve esses dados através do escritor Menandro
de Éfeso que os viu nos arquivos reais de Tiro lá pelo ano 300 A.C. Outra coisa que não bate é que os fenícios não
economizariam palavras para glorificar um monumento gigantesco tão longe de seu
pais. Sim, porque a ”inscrição” da
Gávea só tem cinco palavras. Finalmente, Baaldozor, estava metido até o
pescoço em problemas do Oriente Médio, sempre pressionado pelos assírios, comandados
por Salmanasar III. Ele e todos os outros reis da região.
Ao admitir que ele tenha vindo para o Brasil estão dizendo indiretamente ele era um
covarde ou omisso. Uma vez que sua cidade-estado passava por uma situação
aflitiva, porque todos os outros reis das outras cidades cananéias lutaram e enfrentaram os assírios.
Na batalha de Karkar havia pelo menos 12 reis
formando uma coligação, segundo a versão assíria, descrita na estela de Kurk. O
nome de Baaldozor não consta nessa estela, mas supõe-se que alguns nomes não
foram registrados ou constam com outro nome dado pelos assírios. Também pode
ter acontecido que o contingente de Tiro
estaria contabilizado com o grosso da tropa que era constituído pelo exercito
do Reino de Israel. Inclusive o nome do
rei de Judá, Josafat, não aparece na estela , e ele estava lá.
É evidente que o “serviço secreto” de
Salmanasar III não era muito eficiente e conseqüentemente não tinha informações
precisa sobre o inimigo que estava enfrentando. Mas, na versão dele, para efeito de registro, usou o nome de 12
reis , como sendo seus inimigos derrotados. Não se sabe direito o resultado da
batalha. Mas como em toda batalha todos perderam um pouco.
Posteriormente um rei de Tiro teve
que acabar fugindo. E foi para Chipre em
701 A.C., esse rei foi Luli, mas só
viajou 200 km. Se Baaldozor tivesse vindo para o Brasil ,enfrentando uma viagem
de 8000 km, Flavio Josefo e Menandro de Éfeso nunca saberiam quantos anos ele
viveu. No entanto eles afirmam que viveu
45 anos e reinou 6, sucedendo-o no trono Mattan ou Mettenos, seu filho.
Tampouco é verdade a versão de que
houve uma revolta contra Baaldozor e foi instaurada outra forma de
governo porque nesse caso seu filho
provavelmente não o teria sucedido. E nem teria havido mais reis em Tiro.
No entanto houve reis até a tomada da cidade por Alexandre em 331 A. C. quando Alexandre só deixou alguns habitantes idosos e nomeou como rei, a um mendigo vendedor de água de
nome Abdalonimo.
Por respeito a um homem que não
conheci e cujo nome foi usado indevidamente, prefiro ficar com a possibilidade
de que ele tenha sido morto na batalha de Karkar, ao lado de Achab, defendendo
sua terra. A única coisa honorável que poderia fazer, e por isso seu reinado
terminou em 853 A.C. igual que o reinado de Achab.
A versão da Sociedade Teosófica acaba sendo desonrosa para sua memória. Na versão da Teosofia Badezir ou Baaldozor teria vindo ao Brasil em
grande missão espiritual. Isso não tem nenhum fundamento lógico. Para quem
conhece algo da Bíblia sabe que Jezabel, Irmã de Badezir , não era muito sofisticada
espiritualmente se comparada com os espiritualistas e místicos de nossa época.
Os dois eram filhos de Ithobaal ou Jetball, um
sacerdote de Astarté que havia tomado o trono
assassinando o rei Phales. Eles
foram criados assistindo a sacrifícios de crianças nas chamas dos templos. Que grande missão espiritual
poderiam desenvolver por aqui? Eram pessoas de outra cultura e outro tipo de
espiritualidade, que não podem ser julgados por nossos conceitos atuais.
Na verdade toda a família desde
Achab, Jezabel, Badezir(Baaldozor) e mais alguns não estão bem conceituados na bíblia e não se entende como, espiritualistas de nossos
dias, que, nitidamente tiveram formação religiosa cristã, foram procurar raízes
ali.
Poderia ser uma contestação,
considerando que tanto a maçonaria como a teosofia tem pontos de atrito com a
religião católica. Assim como a maçonaria tem Hiram Abiff ( arquiteto fenício que segundo a lenda construiu o templo de Salomão)
como seu patrono, a Teosófica teria procurado Baaldozor como patrono lendário. Na
versão da teosofia Badezir deu origem ao nome Brasil. Isso seria outra
justificativa. Mas é claro que essa afirmação
não tem base nenhuma .
Não tem muita lógica usar Badezir como fundamento de uma
sociedade mística de nossos dias. E muito menos pretender enterrá-lo na Pedra
da Gávea como se pretendeu, ao menos na lenda. Esta lenda não é lenda de verdade
porque não remonta a nenhuma tradição muito antiga e sim a 1924.
Houve quem chegou a dizer que Badezir
teria sido cremado na Pedra da Gávea (!) Os fenícios não usavam a cremação a
não ser para os sacrifícios de crianças e animais ,reis eram enterrados em
sarcófagos, tal como o costume egípcio.
Eventualmente havia uma cremação, mas era uma rara exceção. Alguém também
disse que os fenícios eram imberbes (!) E então por que colocariam uma
barba enorme na face da Gávea?
No entanto tudo isto não quer dizer
que os fenícios não possam ter vindo até a América do sul e inclusive estado na Pedra da Gávea. Santuários
em montanhas eram comuns para eles, inclusive quase sem construções. Porque há
viagens voluntarias e viagens forçadas. E nesses casos as correntes marítimas e
os ventos, além da própria vontade e experiência podem ajudar a realizar
tarefas quase impossíveis. Mas aparentemente os fenícios não escreveram nada,
ou ao menos não achamos ainda alguma estela com um texto púnico e com certeza não fizeram nem a Face nem o Portal. Poderiam ter deixado algum testemunho
superficial e que se perdeu ou foi destruído pelos freqüentadores do local
desde o século XVII ou mesmo antes. Pode ter havido, e com certeza houve ,
muita gente que nem imaginamos, subindo
a Pedra da Gávea , por ser este lugar, um magnífico ponto de vigilância,
e inclusive defensivo.
Esta montanha vem sendo revolvida
superficialmente por quantidade de aventureiros e buscadores de tesouros fazem
mais de 300 anos, em função das lendas. E o pior é que alguém pode ter achado
algum vestígio importante e simplesmente o destruiu.
Aqui vamos a dar uma guinada radical
nesta Incógnita da Pedra da Gávea, porque parece que as coisas apontam em outra direção.
Nestas fotos abaixo vemos a face da
Gávea e outra face da America do sul, a face de Tunupa em Ollantay Tambo, Peru. Ambas são
enormes, ambas tem mais de 140 m de altura. Em cima da face de Tunupa (os incas
o chamaram de Wiracocha ) há um pequeno templo, em cima do topo da cabeça da
Gávea há uma plataforma.
Face da Gávea. Percebe-se a escavação
pouco profunda. Do lado, a Face de
Tunupa em Ollantay Tambo. Note-se o templo em cima da cabeça. Sua altura vai a
mais de 140 m. A face da Gávea, dependendo de onde se queira considerar, tem muito mais altura
por causa do paredão da testa. Como argumento definitivo diria que não conheço
outras duas faces tão próximas e com essas características no mundo. Por uma
questão elementar de lógica é evidente que o mais provável seja que as duas estão relacionadas. No
Peru há pelo menos mais duas faces não esclarecidas, uma em Machu Pichu e outra
ali mesmo, um pouco acima da de
Tunupa.
As duas faces tem seus detratores dizendo que são naturais.
Chega-se a dizer que a face peruana
teria aparecido no século passado depois de um terremoto. Pode até ter
acontecido. Sabemos que o domínio espanhol destruiu templos e tradições
religiosas do império inca e uma face gigantesca de uma divindade incaica e
inclusive anterior pode ter sido ocultada de alguma maneira e posteriormente
descoberta com um tremor de terra. Sabemos que houve uma atividade intensa na destruição de templos, altares e tradições
indígenas incluindo a deformação da tradição indígena para adaptá-la às crenças
cristas.
No solstício de inverno os primeiros
raios do sol dão na face de Tunupa, dia 21 de junho. As duas faces estão orientadas na mesma
direção olham para o nascente no dia 21 de junho.Os traços das duas faces são
elementares, não são, nem poderiam ser muito refinadas em acabamento, na
verdade não tem acabamento algum. Mas se percebe que ambas representam uma
fisionomia severa com sobrancelhas levantadas numa atitude séria.
Ambas insinuam uma barba. Na verdade nenhuma
das duas tem boca porque a protuberância do nariz basta para insinuá-las. Na face da Gávea não há insinuação de boca, pode não ter sido acabada,
mas o nariz esta lá. Diz-se que esse nariz teria sido maior. Não foi. O nariz
da face da Gávea é o nariz possível
se escavamos o paredão até certa profundidade. Do contrario, para fazer um nariz maior
haveria que fazer uma prótese ou escavar muito mais o paredão, o que seria
muito difícil ou impossível. Se observarmos com atenção, a ponta do nariz está em uma curva côncava que vem desde a fronte e vai até a
barba,e que nos dá a idéia de como era originalmente
esse paredão da montanha.
Dizer que essas faces são ilusão de ótica é simplificar muito. As duas faces estão em posição de difícil aceso. Pelas características, é quase evidente que estão relacionadas. Se a
face peruana é mais antiga, alguém veio de lá e fez a da Gávea, porque a
motivação parece ter sido a mesma. E aqui teríamos que associar este assunto
com o suspeito Peabiru que seria em parte uma penetração exploratória incaica, com evidente aceitação das tribos
guaranis , já no fim do império e que foi sustada pela queda do mesmo através
da conquista espanhola. Poderíamos situar este episodio entre 1438 e 1525,
o momento de maior aceleração e expansão do império., seguido
imediatamente à derrocada repentina . Não esqueçamos que o Rio de Janeiro foi
fundado em 1565.
Mas de novo, como no caso dos
fenícios devemos frisar que até agora
não achamos na montanha, nenhum objeto
ou corte de pedra mais sofisticado que
possa colocar o império inca na questão. Ainda que seja uma
possibilidade menos forçada que a dos fenícios, mesmo dentro do terreno das
hipóteses. Mas também poderíamos aventar a hipótese de que a face da Gávea seja
mais antiga, nesse caso alguém chegou a estas costas e posteriormente subiu
para os Andes. Parece-me mais provável que a face da Gávea foi inspirada na do
Peru. Nesse caso representaria Wiracocha, ou Tunupa ou melhor
Tupã. Os tamoios diziam que era a cabeça de um deus e isso viria ao
encontro dessa hipótese e praticamente resolveria o mistério. Mas era mais
conhecida como “cabeça enfeitada “ metara canga”. “metara” quer dizer enfeite, e
“canga” significa cabeça .
É o caso de se perguntar se Tunupa e Tupã
não são na origem, a mesma divindade. Tanto no Brasil como no Peru eram
associados ao raio e o trovão, e
divindades supremas. Tanto Tunupa
ou Wiracocha, na lenda eram barbudos assim como Sumé. Na Argentina, Paraguai, e Uruguai temos Tupan como divindade , portanto seria
praticamente comum a toda esta parte da America do Sul. E aqui há muito mais a
dizer, mas não vou estender o assunto, porque já estou fazendo isso em outros textos.
Três ângulos onde se nota a intenção de uma face. A escavação, ou não foi terminada, ou
ficou assim mesmo em função da dificuldade do trabalho, ou até pelo próprio
conceito do que seria o mínimo necessário
para transmitir a mensagem. Na parte que corresponde à bochecha, parecem ver-se vestígios de muitas marcas de desbaste.
Neste ângulo da face da Gávea, se nota o pronunciado supercílio,que parece ter
sido o determinante da profundidade da escavação. Aqui também vemos o que parece ser uma sobrancelha
levantada em atitude de severidade, igual que do outro lado da face.Esse
supercílio simplificado lembra, um pouco, o supercílio estilizado dos moai da
ilha da Páscoa.
Nestas marcas existentes junto à face,
no inicio da Travessia dos Olhos se vem marcas verticais que poderiam ser de
retirada de pedra através de estacas. Haveria que examiná-las com cuidado. Ficam
à esquerda da base da Chaminé Hungar.
Nestas fotos fica bem claro que, onde a montanha parecia uma
cabeça, foi feita uma face, e justamente no local certo. A face é reconhecida de qualquer ângulo, até
dos menos favorecidos. O local para fazer esta face foi muito bem escolhido. Fica
bastante evidente que é produto de um
raciocínio e não capricho da natureza. A rocha naquele ponto é menos
resistente.
A face reconhecível à esquerda, e a
direita um angulo muito divulgado, más que dá uma idéia
errada do trabalho existente de fato. Quem julga por esta vista dirá que é apenas erosão.
Não me parece que haja que procurar
uma esfinge na montanha. A montanha tem uma forma que, para quem quiser, pode
passar por um arremedo de esfinge. Mas é muito pouco provável que alguém tenha
trabalhado em toda a montanha. Isso está
fora da lógica. Tampouco percebo outra
face do lado do mar, como alguns dizem ver . E muito menos vejo um sarcófago
egípcio como alguns dizem. Só se vê algo
parecido ao perfil de um sarcófago ,olhando desde a lagoa Rodrigo de Freitas,
e só é um sarcófago para quem não
conhece bem o que é um sarcófago.
Pode-se levantar a hipótese da impossibilidade de fazer um trabalho no local
da face por causa da dificuldade de acesso. Isso não seria grande problema. Raciocinando
um pouco podemos admitir que a parte da chamada Barba, foi em épocas passadas
muito mais coberta de terra e de árvores, o que permitiria firmar uma estrutura para
trabalhar no local. Com a perda da cobertura vegetal o solo está deslizando em
vários pontos da montanha. Havia uma floresta com árvores enormes. Portanto
montar escadas, andaimes e passarelas para trabalhar, não seria impossível. Que
o trabalho era perigosíssimo, estou de acordo. E deve te morrido muita
gente.
Falta dizer algo sobre o chamado
Portal. Essa formação também desperta opiniões radicalmente opostas. Uns acham
que é uma porta, outros uma simples formação natural. Os teosóficos e outras
seitas místicas já a apontam como porta para o mundo de Agartha. Ou que o
portal é uma entrada não material etc. Mas esse tipo de análise não nos ajuda.
Depois de estar 446 vezes em frente ao
Portal analisei algumas coisas. Não parece uma porta totalmente, porque
apesar de estar separada dos lados e em baixo, do resto da rocha, nota-se que
em alguns locais, principalmente nas
partes superiores chega a estar soldada às laterais e a marquise. Essa situação poderia nos sugerir que uma grande rocha se deslocou daí,
e caiu no vazio, conseqüentemente seria uma formação natural.
Mas surge uma pergunta. Porque uma
rocha que estava com certeza atritada entre as outras duas laterais e
ligada na parte de cima se deslocou sozinha e caiu? Teria sido mais
lógico cair alguma das laterais. Porque ficou aquela marquise que tem uns 2m de
espessura? As duas rochas laterais estão soldadas ao resto da montanha e apesar
de terem parte em balanço não caíram. Porque a superfície que constitui o
portal propriamente dito apesar de curva é quase plana? Pelo que vemos no local parece
que andaram iniciando um trabalho de cantaria bruta.
Provisoriamente fico com a idéia de
que alguém iniciou uma falsa porta, uma espécie de nicho. E de novo estamos com similares dos Andes, onde
esse tipo de monumento é comum, portas que insinuam acesso ao interior da montanha tal como a
porta de Hayu Marca em Puno.
O caso do Portal e da face nos leva a
crer que podem ser início de monumentos que não puderam ser terminados. Enquadrar-se-iam
em uma relação com os Andes.
À
esquerda o portal da Gávea e à direita a porta de Hayu Marca. O da Gávea
tem 16 m de altura por 8 de largura. O de de Hayu Marca tem 7m de altura por 7 de largura.
As duas laterais do Portal da Gávea e a
visão da marquise, com a face propriamente dita do Portal, bastante lisa. Com
certeza não há nenhum túnel atrás dele. De qualquer maneira, há algo a
investigar. A orientação do Portal é para o oeste.
Nunca foi feita pesquisa arqueológica na Pedra
da Gávea porque o local foi desmoralizado por versões delirantes e se tornou
maldito para pesquisadores sérios. E não ficava bem se envolver com o assunto.
As narrativas de pesquisas feitas por clubes de montanhismo e outros organismos foram nada
mais do que excursões domingueiras.
Há onde escavar objetivamente. Um dos
locais seria embaixo da Gruta da Orelha. Esta gruta desde que existe deve ter
servido de abrigo a todos os que por ali passaram, e me refiro aos que sabemos
e aos que não sabemos. Dormi 40 vezes na
Pedra da Gávea e a maioria das vezes
na Gruta da Orelha . Tudo o que se descartava na gruta era jogado na
base de uma pedra logo abaixo dela. Isso desde tempos imemoriais com certeza. É
claro que deve haver uma camada muito
espessa de detritos modernos , porém mais abaixo pode haver vestígios de outras
épocas. Na década de 1960 achei um pequeno fragmento do que parecia ser uma borda
de tampa de um vaso de cerâmica,
enterrada no pequeno túnel que há no fundo da gruta. O passei a uma pessoa para
examiná-lo, e nunca mais me disse nada.
Esta gruta vem sendo ampliada desde
épocas muito antigas. Pessoalmente assisti a algumas ampliações. Cabe
a pergunta : inicialmente teria sido escavada ? Porque está claro que ela sofre
dois processos. Ampliada por mão humana, e soterrada lentamente por infiltrações
provenientes da Chaminé dos Porcos (a garganta que separa a cabeça do resto da
montanha). Centenas de anos atrás ela deve ter sido bem diferente. O próprio
uso dos excursionistas a modifica, porque era comum melhorar o espaço para acomodar
mais gente. Assisti a varias escavações para ampliá-la. Já vi mais de 30 pessoas dormindo no local. É
claro que os últimos dormiam ”na varanda”.
Outro ponto interessante de pesquisa
seria o topo da Cabeça. Porque se a montanha teve um fim cerimonial em algum
momento, esse local seria o ponto principal. O fato de estar revolvido o
terreno superficialmente não importa porque mais embaixo deve estar preservado
o terreno mais antigo. Fala-se muita coisa sobre essas pedras que estão no
topo, mas pouca coisa objetiva. E haveria mais algumas coisas a observar.
Existe o que parece ser um petróglifo na figura de um sol, em parte destruído,
situado na ponta norte da cabeça e tem mais ou menos 60 cm de largura. Em outro
ponto há outro que parece ser um pássaro de perfil com mais ou menos 40 cm de
altura.
Finalmente não poderia deixar de
falar algo sobre a ” Íbis” do Pão de Açúcar. Se a face da Gávea é obra humana,
com certeza a ”Íbis” também pode ser, porque os buracos que formam as patas são
muito parecidos com as escavações dos olhos da Gávea. E esses buracos estão
colocados exatamente no local apropriado para completar a ave. Ela está na mesma orientação que a face da Gávea. Mais uma vez,
há indícios de inteligência e não de simples erosão. Sendo um pássaro, estaria relacionado com a
face da Gávea. Na tradição religiosa andina, Wiracocha era acompanhado
por uma ave.
Mas poderíamos presumir, por via das
dúvidas, que os buracos na parte de baixo do pássaro sejam o resultado de canalização das águas junto à protuberância
do peito, causando erosão. E esta seria uma boa explicação natural para o
pássaro. As cavidades estariam sendo
ampliadas nas partes mais baixas pela
passagem da água, porque o que corre na
ocasião das chuvas não é apenas água, é água e partículas de material que
tem grande efeito abrasivo. E nesse caso, os buracos têm
maior dimensão em baixo por ter sido canalizada a água pluvial em escavações que
talvez já existiam como parte dos traços
da escultura.Não seria necessário que eles fossem tão alargados na parte mais
baixa para dar a idéia de um pássaro
levantando vôo. Más para aumentar tanto estas cavidades por
processo natural, seria necessário muito
tempo. Já no caso da face da Pedra da Gávea, fica difícil aceitar que um
processo similar tenha moldado a face, porque não explicaria o desgaste
desigual em partes da face deixando um
nariz, justamente onde escorreria muita água de chuva e cavado o local
mais protegido, os olhos.
Teríamos também que levantar a
hipótese de que o pássaro seja resultado da erosão e no entanto a face da Gávea seja trabalho
humano. Uma coisa não depende necessariamente da outra. Se por acaso estes monumentos tem uma origem andina, estariam também
relacionados com o provável falso portal. Ou seja, os três elementos se
sustentam e se apóiam mutuamente e se enquadrariam em um mesmo contexto
cultural. Como ultima hipótese poderíamos atribuir tudo a uma cultura
megalítica sul americana, mas da qual temos poucos elementos para formar uma quadro inicial, e
isso não estaria descartado. E esta hipótese deve ser considerada seriamente.
Este artigo pretendeu ensaiar outros caminhos
um pouco mais sérios para a incógnita da
Pedra da Gávea. Se o tom deste texto parece um pouco agressivo é porque é
preciso indignar-se com a falta de interesse, acomodação e deformação desta
incógnita da Pedra da Gávea, o que vem acontecendo há muito tempo, desvirtuando
a realidade do local.
Arquiteto Carlos Perez Gomar, 17 de abril 2012.
Um problema é não se encontra uma imagem livre de boa qualidade das inscrições. Sugiro que vejam esta aqui que está melhor: http://www.panoramio.com/photo/44945780 e http://o-o.preferred.cbf01t01.v5.cache5.c.bigcache.googleapis.com/static.panoramio.com/photos/original/44945780.jpg?ms=tsu&mt=1339388701&cms_redirect=yes&redirect_counter=2 .
ResponderExcluirVocê tem toda a razão em destacar que é preciso fazer algumas fotos muito objetivas destas marcas ou inscrições, como se queira chamá-las. Eu já deveria ter providenciado isso.
ExcluirEssas fotos deverão ser feitas em meados de maio para ter a mesma visão que a comissão do IHGB teve na ocasião da reprodução destas marcas . Não se pode fazê-las de qualquer local, nem muito perto,nem muito longe, porque, ou não se tem ângulo, ou fica-se muito longe
O local certo, com certeza, para fazer estas observações é a Villa Riso em São Conrado, a antiga fazenda, e uma das poucas residências importantes que havia na ocasião (1839)
Obrigado e um abraço. Carlos Perez Gomar
Caro Carlos,
ResponderExcluirhttp://ufrrj99.blogspot.com.br/2012/07/projeto-pedra-da-gavea.html , quem sabe se com alguma orientação...
Um abraço.
Sr. Carlos, seria possivel em sua próxima ida à pedra da gávea, o senhor, fazer fotos do interior da orelha, bem detalhadas e de alguns pontos na mata que ninguém comenta. Na web vimos textos dizendo que pela orelha direita se chega ao lado esquerdo, era assim ou tamparam esta entrada? Porque na última vez que lá fui(2009), rastejei até onde pude e a parede bloqueava a passagem do que parecia ser um túnel. Uma vez em 1989, nos perdemos na descida e após contornar-mos uma enorme parede, encontramos fogueiras apagadas e sentimos uma energia não muito boa naquele local e momento. O senhor acha que na mata ainda há algo a ser encontrado, tal como entradas ou grutas, ou tudo já foi minuciosamente explorado? muito obrigado e parabéns por seu trabalho. Este nosso patrimônio, que talvez ainda mostre muita coisa, deve ser preservado por pessoas esclarecidas e sérias como o senhor. Uma grande curiosidade que paira em minha mente: Um relato de que há uma escada dentro de uma gruta, acessada pelo fundo do mar, abaixo do elevado do joá, que leva ao topo da pedra. Seria coisa de gente irresponsável? Nenhum mergulhador até hoje me confirmou ou descartou definitivamente tal possibilidade. Uma coisa é certa, para quem é sensitivo, a pedra da gávea, apresenta um ar bem diferente e uma energia muito grande, nos deixa bem diferentes.
ResponderExcluirDesculpa , fiquei devendo esta resposta. A explicação e longa. Nos próximos dias respondo.
Excluirja ouvi que a pedra da gavea era fundo do mar
ResponderExcluirEsse fato é contado porque alguém disse, décadas atrás, ter achado areia e conchas quase, lá no topo. Na verdade, areia pode ser proveniente certamente da decomposição da rocha, e quanto a conchas podem ter confundido, outro tipo de carapaças com a de moluscos marinhos .O topo da Pedra da Gávea possivelmente está fora do nível do mar , pelo menos muito antes de haver humanidade sobre a face da terra , pelo menos há uns 1000 000 000 de anos . Quanto a que o nível do mar tenha variado , com certeza, mas é muito provável que nos últimos 10 000 anos ele tenha estado abaixo do nível atual chegando a talvez uns 30 m abaixo do nível atual, o que levaria o litoral mais ou menos para a distância onde estão as ilhas Tijucas e Cagarras. Pode haver outras hipóteses para alguém ter achado conchas marinhas lá em cima , mas para isso não tenho nenhuma hipótese no momento. abs.
ExcluirMuito boa a postagem, bem esclarecedora!
ResponderExcluirObrigado , Ronaldo. a pesquisa sobre tudo o que possamos levantar de realidade sobre a Pedra da Gávea ainda não está encerrada, tentaremos ir mais à frente. Hoje estive na Pedra Bonita em frente à Pedra da Gávea e conversando com morador muito antigo , contou-me que o nome dessa pedra não era Bonita, mas ele não se lembrou qual era , ficou em consultar um morador muito velho que sabe o nome antigo. Parece que houve uma visita de dom Pedro I ao local. Outros dizem que teria sido D. Joao VI , mas acho improvável, e a partir dai, tendo ele achado a vista muito bonita o nome passou a ser Pedra Bonita , mas e uma coisa a ser verificada com mais precisão. A Pedra da Gávea , já sabemos que tinha o nome indígena dado pelos tamoios de Metaracanga ( cabeça enfeitada) Abs.
ExcluirEste comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirPrezado Carlos Gomar, muito bom o seu post sobre esta pedra que tanto fascina os cariocas pela sua beleza e seus mistérios.
ResponderExcluirTambém fiz um post sobre este lugar. Me lembro de que quando fui lá, você ajudou um amigo meu a subir a carrasqueira e somos muito gratos por isto.
Se puder veja o blog: http://aventritur.blogspot.com.br/2015/02/pedra-da-gavea.html
Grande abraço!
muito bom!! Queria ler mais...
ResponderExcluirMeu pai Carlos durante sua vida, subiu a Gávea 467 vezes. Amou a pedra em cada segundo. Preservou o local, pesquisou e informou muita gente. Ajudou a muitos lá em cima, e inclusive orientou bombeiros em alguns resgates. Fez mutirões de limpeza, descobriu novos locais.. escondeu coisas...Meu pai sabia muito sobre o local. Me contava tudo, mas eu não teria como lembrar de tanta pesquisa... ainda bem que ele escreveu este blog pelo menos... Para os que realmente se interessam pela real história da gávea, aqui neste blog estão registradas as informações mais relevantes. Informações e pesquisa que deveriam ter rendido um livro, mas isso infelizmente não ocorreu. Mas aqui esta o supra sumo. Aproveite. Meu pai faleceu dia 5 de novembro de 2018. Te amo para sempre meu pai. E obrigada por ter me feito assim tão cheia de atitudes. A hora quem faz somos nós. Te amo. Saudades eternas.
ResponderExcluirTambém gostaria de deixar registrado aqui, nosso desejo de ceder todo o material fotográfico e exclusivo que ele fez ao longo de sua vida, para algum livro ou registros. Interessados entrem em contato por este email: annacapllonch@yahoo.com.br
ResponderExcluirBOM DIA ANA .CONHECI SEU PAI.ERA UMA PESSOA MARAVILHOSA. TAMBÉM SOU UM APAIXONADO PELA PEDRA DA GÁVEA. VOCÊ PODERIA ME INFORMAR A CAUSAVDE SUA MORTE E COM QUANTOS ANOS ELE TINHA?
ResponderExcluirTenho uma Revista Terra jan 1997 em que saiu matéria sobre seu pai...não sabia que tinha falecido...triste saber
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